Laboratório de Informática Dedicado à Odontologia

Sumário

 

Inflamação

Apresentação

Fenômenos exsudativos

Conceitos

Fenômenos celulares

Momentos da inflamação

Fatores que alteram a inflamação

Fenômenos irritativos

Classificação das inflamações

Fenômenos vasculares Inflamação crônica e granulomas

CLASSIFICAÇÃO DAS INFLAMAÇÕES

 

or resultarem em alterações morfológicas teciduais de diferentes características, as inflamações recebem classificações, estas podendo ser quanto ao tempo de duração ou quanto ao tipo de elemento tecidual predominante.

Dois padrões morfológicos de inflamação: acima, vemos uma inflamação aguda, com predominância de neutrófilos e necrose; abaixo vemos uma inflamação crônica, com células gigantes (CG), linfócitos (L) e grande quantidade de fibroblastos (F), indicativos da predominância da fase produtivo-reparativa. O critério de agudo ou crônico pode ser morfológico ou cronológico, mas é importante lembrar que nem sempre há coerência entre esses dois critérios (veja o texto ao lado).

QUANTO AO TEMPO DE DURAÇÃO

Podem ser agudas ou crônicas, as primeiras tendo um curso rápido (entre 1 a 2 semanas) e as outras constituindo processos mais demorados (superam 3 meses). A variação entre os dois processos está diretamente vinculada aos fatores que influenciam a inflamação. Assim, de modo geral, diante de estímulos de intensidade na qual o hospedeiro consiga reagir de modo a tornar esse estímulo de curta duração, presenciar-se-á o aparecimento de exsudações plasmáticas e de neutrófilos, ambos característicos dos processos agudos. Por outro lado, a persistência do estímulo - exigindo uma reação diferente da anterior por parte do hospedeiro - promove um aumento dos graus de celularidade (principalmente dos elementos mononucleares), o que determina uma fase proliferativa e reparativa e, portanto, de inflamação crônica. Obviamente, existem casos em que há um curso agudo da inflamação, mas morfologicamente não se observam os elementos clássicos de uma inflamação aguda (intensa exsudação plasmática e presença de neutrófilos); em outras situações, ainda, pode-se observar que um quadro inflamatório crônico, que dura semanas, passa a exibir grande quantidade de neutrófilos e os sinais cardinais típicos da inflamação aguda; nesse caso, diz-se que a inflamação crônica se agudizou. Portanto, a relação cronológica e morfológica nem sempre é constante.

Sinais cardinais facilmente reconhecíveis na foto indicam ser este um quadro inflamatório agudo.

Inflamações agudas

"Resposta inflamatória imediata e inespecífica do organismo diante da agressão".

A inflamação aguda é dita imediata por se desenvolver no instante da ação do agente lesivo, e inespecífica por ser sempre qualitativamente a mesma, independentemente da causa que a provoque.

 

Quadro inflamatório crônico, com predominância de linfócitos (L), macrófagos (M), células gigantes (CG) e fibroblastos (F). Provavelmente esse quadro já passou por uma quadro inflamatório agudo anterior, em que predominavam neutrófilos e intensa exsudação plasmática (HE, 1000X).

Inflamações crônicas

"Reação tecidual caracterizada pelo aumento dos graus de celularidade e de outros elementos teciduais mais próximos da reparação, diante da permanência do agente agressor".

A inflamação crônica é sempre precedida pela inflamação aguda, processo em que se desenvolvem as fases inflamatórias anteriormente citadas com o intuito de eliminar o agente agressor.

Clinicamente, nas inflamações crônicas não de observam os sinais cardinais característicos das reações agudas. Porém, todas as alterações vasculares e exsudativas que originam esses sinais clínicos continuam acontecendo, culminando com o destaque da última fase inflamatória, a fase produtiva-reparativa.

 

QUANTO AO TIPO DE ELEMENTO TECIDUAL PREDOMINANTE

Segundo Guidugli-Neto (1997), os diferentes quadros inflamatórios dependem da quantidade predominante dos seguintes elementos: exsudação, proliferação de células teciduais e necrose. A exsudação diz respeito à fase vascular e e exsudativa da inflamação; a proliferação de células teciduais indica a fase produtivo-reparativa; e a necrose, a fase degenerativo-necrótica. No tocante à inflamação aguda, a partir desses elementos, pode-se reconhecer pelo menos cinco tipos de inflamação:

Inflamação fibrinosa em pericárdio (setas). Nesse tipo de inflamação há grande quantidade de fibrinogênio, um mediador químico da inflamação; essa proteína transforma-se em fibrina, a qual se acumula principalmente nas membranas serosas.

1. Serosa: predomina a exsudação de líquido amarelo-citrino, com composição semelhante à do soro do sangue. Exemplos: pleurite, rinite serosa, bolha devido a queimadura etc.

2. Fibrinosa: predomínio de exsudato fibrinoso que origina, aliado à presença de tecido necrótico, placas esbranquiçadas principalmente sobre as mucosas e as serosas. A inflamação fibrinosa é também chamada de "inflamação pseudomembranosa", quando presente nas mucosas, pois apresenta essa camada superficial esbranquiçada sobre a área inflamada, como se fosse uma membrana. Exemplos: pericardite fibrinosa, inflamação diftérica etc.

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Úlcera provocada por ação do cimento cirúrgico (CC). Este é um tipo de inflamação necrotizante e ulcerativa (veja outros comentários sobre esta foto)

3. Hemorrágica: assim classificada quando se observa o predomínio do componente hemorrágico no tecido inflamado. Exemplo: glomerulonefrite aguda hemorrágica.

4. Necrotizante ou ulcerativa: sempre presente nos focos inflamatórios como indicativa da irreversibilidade das lesões nos tecidos, apresentando exsudatos serosos, fibrinosos ou purulentos. A necrose pode ser causada pela agressão direta do agente ou pelos fatores citados quando na descrição da fase degenerativa-necrótica da inflamação. A ulceração se dá quando a necrose é superficial, levando à perda do revestimento epitelial.

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Drenagem da coleção purulenta de um abscesso em mandíbula. A retirada desse conteúdo, aliada a outras medidas terapêuticas, promove a resolução desse foco inflamatório. O quadro histológico desse tipo de abscesso pode ser observado abaixo.

5. Purulenta: também denominada de supurativa, esse tipo de inflamação é composto pelo pus, líquido de densidade, cor e cheiro variáveis, constituído por soro, exsudato e células mortas - principalmente neutrófilos e macrófagos. Pode se apresentar sob várias formas como pústula (circunscrita na epiderme), furúnculo (circunscrita no derma, sendo de origem estafilocócica), abscesso e flegmão (ou celulite).

 

 

 

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Corte histológico de um abscesso presente em periápice de dente. Vemos nitidamente o centro necrótico composto por pus e a parede (P) de tecido conjuntivo denso exibindo grande quantidade de neutrófilos. Não é visível a camada externa contendo neovascularização. Veja que essa estrutura origina uma cavidade. Clique sobre a foto e veja a coleção de neutrófilos (NEU) e de tecido necrótico (NEC) que compõe o pus (HE, 40X e 400X).

Abscesso: cavidade neoformada encapsulada, com centro necrótico e purulento, parede interna com predomínio neutrofílico já em processo regressivo (essa parede é chamada de membrana piogênica uma vez que gera o pus) e camada externa com neovascularização e fenômenos exsudativos. Dessa última camada partem as respostas cicatrizantes ou de fibrose, dependendo da evolução do processo. Essas respostas estão diretamente ligadas à eliminação do agente etiológico (que é, geralmente, de origem infecciosa por bactérias piogênicas) e à saída da coleção de pus existente no local. Em relação ao último fator, podem-se realizar procedimentos de drenagem desse pus quando esta não está presente sob a forma de fístulas ou ulcerações no local.

 

 

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Grande quantidade de neutrófilos presentes no tecido adiposo do mesoapêndice cecal; esse tecido, por ser frouxo, permite a intensa difusão de células. Note também a intensa hiperemia (H), característica nesse tipo de inflamação (HE, 200X).

Flegmão ou celulite: nesse tipo de inflamação purulenta não há formação da membrana piogênica, ou seja, a coleção de pus não se encontra concentrada em uma cavidade, mas sim, difusa sobre o tecido; além disso, há predominância dos fenômenos vasculares, com evidente eritema (hiperemia) e edema. O exsudato purulento é mais fluido, infiltrando-se no conjuntivo frouxo adjacente ao local inflamado. O flegmão é também chamado de celulite, nome dado para designar a inflamação do tecido subcutâneo.

 

 

 

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Os tipos de inflamação até agora vistos são de natureza aguda. Veja agora a classificação para as inflamações crônicas. 

 

 

Sumário

Fatores que alteram as inflamações

Inflamação crônica e granulomas


Copyright©  2000, Disciplina de Patologia Geral do Departamento de Estomatologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Página confeccionada por Luciana Corrêa. Qualquer dúvida, contacte-nos.